Buba
28 setembro 2003
  MARCHAS BRANCAS E DE OUTRAS CORES (Intermezzo III) Hoje é Domingo. É dia de trabalho. O blog fica, por isso, para mais tarde, por falta de tempo. Venho aqui só para dizer que não concordo com manifestações ambulatórias do tipo das Marchas Brancas. Só fui a uma, que me lembre, uma vez na vida, e em desespero de causa.
Talvez amanhã – apesar de tanto trabalho atrasado e urgente, e eu a fazer Intermezzos (até pareço o governo do Durão também a protagonizar Intermezzos e a adiar os problemas fundamentais do país) - eu, a aumentar a ansiedade dos meus leitores - que, entre familiares e amigos, já são oito confirmados -, o Durão a aumentar a ansiedade de 8 milhões de portugueses, entre os quais 500.000 desempregados… Talvez amanhã, dizia eu, tenha tempo para dizer porque não concordo com manifestações de espécie nenhuma e muito menos com Marchas Brancas.
Hoje estou é ansioso por ver o que nos traz o "Blog Televisivo” do Pacheco Pereira depois das 8 da noite na SIC. Obviamente, sem perder (vou gravar para depois ver, como quem toma um remédio às colheradas), o programa “subliminar” do muito inteligente, esperto e imprevisível Professor. Que trará ele hoje, como surpresa, em réplica à medalhinha de S. Francisco com que o apresentador contestou o porquinho bebé ? Espero, de qualquer modo, que o Professor prescinda da quadrúplica, porque aí, como dizia o Querido e Saudoso Professor Doutor Palma Carlos, começaria a cheirar a cavalariça. O que, no entanto, pode aceitar-se numa acção em que a Petição Inicial inculcava o odor característico da pocilga…
Do outro, do Blog propriamente dito do P.P. - o Abrupto –, também voltarei a falar mais tarde. 
27 setembro 2003
  COLIN POWELL (Intermezzo II) Segundo o Diário de Notícias, "o secretário de Estado americano, Colin Powell, continuava ontem na ONU a tentar reunir apoios internacionais para a segurança e a reconstrução do Iraque. Mas era evidente que a confiança que até agora tem demonstrado é coisa do passado."
Com crédito e qualidades que lhe permitiam esperar poder vir a ser Presidente dos Estados Unidos, preferiu, apoucando-se, remeter-se ao papel secundário de “peão de brega” do “matador” texano.
É nesta fase da “tourada” que Powell tem a última oportunidade para se redimir (na esteira de Kofi Annan), dando por findo o seu “tércio de bandilhas” e abandonando a “quadrilha” de Bush.
É altura de se assumir finalmente como Homem, igual a si próprio. Se o não fizer agora, nesta fase crucial da “lide”, mostrará ao mundo não ter vergonha na cara; e, em tal hipótese, deve pintá-la de branco. Esperemos que não. Esperam-no também, seguramente, milhões dos seus concidadãos; e seguramente ainda outros milhões que dão graças a Deus pela graça de, neste momento, o não serem, libertos da vergonha de o serem. 
26 setembro 2003
  EQUÍVOCOS E REFLEXOS LENTOS (Intermezzo: as “cogitações” depois continuam) Ontem, um amigo meu, ao ler a prova do texto que eu ia mandar para o BUBA (Escogitações: I - A Dupla Reabilitação), explodiu: "Também tu? Estás como o Paulo…" O "também" referia-se àquela surpreendente ideia do Paulo de convidar o PP dos blogs para o Alpendre.
Mas eu queria dizer ao meu amigo - e não disse logo, e só o digo agora porque também sou de reflexos e compreensão lenta como o Kofi Annan (que eu penso que, pelo discurso que pronunciou na ONU, será, conjuntamente com o Vieira de Melo, sério candidato ao prémio Nobel da Paz) - que está equivocado. Porque ao assumir os dizeres de César - a ressoar nos séculos: "Tu quoque, Brutus?" - o meu amigo terá, desde logo, sido equivocadamente levado supor que quero meter na conversa o Abruptus dos blogs. O que não é verdade. A verdade é que não conheço pessoalmente, nem quero conhecer, o PP. E, se tivesse um alpendre, não o convidava para ir lá para uma horas de paleio.
Confirmo que o 1º programa dele na SIC, no Domingo passado, é sensacional e estou ansioso por que chegue o próximo Domingo para confirmar - na esperança e desejo sincero e egoísta, que não para infirmar - a minha primeira impressão. Sem prejuízo de continuar a pensar que considero uma verdadeira chachada o que como bloguista um homem com a categoria intelectual dele está a fazer: edição em língua inglesa (o que eventualmente seria culturalmente positivo), para consumo, ia jurar, de uma clientela de sócios de um clube privado com o seu primus inter pares, seus favoritos, seus vassalos e seus lacaios, para cuja admissão é indispensável ser snob e saber traduzir inglês e americano escorreito e "castigado", escrito por poetas, sábios de saberes e sabores diversos e outros marmelos quejandos para os quais me estou borrifando. E digo eu, que só aprendi slang, que me estou nas tintas para tais sun of a gun.
É que eu não confundo as qualidades ou defeitos de qualquer intervenção, seja de quem for, e onde for, com as qualidades ou defeitos que, segundo o meu critério pessoal, supostamente atribuo aos seus autores. Até porque no fundo são critérios distintos: como pessoa posso achar que o sujeito é um pulha ou que é um tipo integérrimo; mas, de um ponto de vista estético ou de qualquer outra ordem, achar que o seu trabalho, como músico, pintor, actor, é excepcional. Por exemplo, o Dr. Durão, que tenho por homem sério e fiável como pessoa, é execrável como político e governante, na medida em que, na suposta presunção da defesa dos interesses nacionais, manifestamente não só ilidível como falsa, imoral e criminosa, apoia de maneira servil e abjecta, envergonhando Portugal e espezinhando a moral e a Lei, o Sr. Bush, também ele alto criminoso e eventualmente honesto cidadão e exemplar chefe de família. Creio que esta distinção entre a pessoa e a sua obra é que devia ser normal.
Era isto que eu não disse e tento dizer já, para servir quente e antes que arrefeça. Como bloguista vedeta, não gosto do PP. Penso que o blog tem potencialidades insuspeitáveis: é a bomba atómica das relações humanas e de consequências completamente imprevisíveis que espero - talvez erradamente - tornarão os homens mais fraternos, mais autênticos e mais humanos. E o Abrupto não me parece que vá nesse sentido. Nem o meu amigo, que identifica as pessoas com os seus produtos. Mas não perco a esperança; e, a prová-lo, sempre que o julgar justificado, o BUBA dará dentadas nas canela do Abrupto e voltará a aplaudir de pé, pedindo bis, os programas na SIC aos Domingos ao fim do dia.
Ut sit omnibus documento, to whom it may concern. 
25 setembro 2003
  AS COGITAÇÕES DO BUBA: I. DUPLA REABILITAÇÃO No passado dia 14 de Agosto, sob o título O IRAQUE E A GUERRA QUE AÍ VEM escrevi:
“Acabo de saber do Vieira de Melo. É óbvio que em representação da ONU, no Iraque, estava de sobra. Como Kofi Annan está de sobra na ONU há muito tempo.
Bush cuspiu na ONU cujas votações desprezou publicamente, levando por diante a chacina de um povo, mancumunado com o seu inefável aliado Blair e aplaudido por mais uns quantos. Tudo sem a reacção de Kofi Annan que só podia ter sido a de ter proposto a expulsão dos States da ONU ou, em alternativa, a sua própria demissão. Não o fez e fez mal.
Quando agora sente o terreno a fugir-lhe debaixo dos pés - e os boys começam a ser embrulhados nos plásticos, de regresso ao lar - o texano debate-se como um náufrago, tentando agarrar-se à NATO e à ONU. E o Kofi Annan, impávido e sereno, com a mesma cara de parvo que Deus lhe deu, renega, mais uma vez, a cor da sua pele, símbolo passivo da opressão e da canalhice humana, mudando-a para o cinzento… tal como a sua dignidade; esquecendo seres humanos inocentes chacinados no Iraque…”

1. Era isto o que sentia e escrevi, naquele dia, na minha “correspondência privada”, dominado pela revolta e pelo desgosto sentido pelo assassinato do Vieira de Melo e no convencimento de que uma das razões mais fortes que terá levado Vieira de Melo a ir para o Iraque ter-se-á chamado Kofi Annan.

2. No domingo, 21 do corrente mês de Setembro, pelas 20h30 ou pouco mais, liguei o televisor e “passei” pela TVI mas, não aguentando já a cansativa gesticulação frenético-compulsiva do simpatiquíssimo Professor, e recordando-me de como na semana anterior puxou inesperadamente de debaixo da mesa de uma caixa a servir de caixão a um leitão morto e o ofereceu ao perplexo interlocutor de serviço, visivelmente embaraçado, certamente por não saber se o leitão era do tipo fast food - tiro e queda e trincar logo - ou para comer depois da vichyssoise…
Daí que, com receio de qualquer outra surpresa a despropósito, desliguei, “obviamente”. “Passei” à SIC e vi com surpresa que já estava travado o anunciado “mente a mente” - ou seja, o “corpo a corpo” intelectual -, à distância, pelas audiências, entre o Professor e o Dr. Pacheco Pereira - homem por mim assim fichado: formação demasiado livresca inteligentemente manipulada, algo pedante e blasé. Era este o “negativo” da fotografia que guardava dele, dos debates e mesas redondas na T.V. Não morria de amores…
O professor, tão ou mais inteligente, tinha a vantagem de ser seguramente também mais divertido, e por vezes até apalhaçado, como daquela vez em que andou a dar pinchos nas águas turvas do Tejo… ou imprevisível, como naquela do leitão… E eu não conseguia imaginar, sequer, que o Pacheco Pereira se apresentasse por exemplo com um frango assado debaixo do braço e espetasse com ele em cima da mesa, inculcando que o apresentador do programa o que tinha era fome. Perdido nesta e outras conjecturas, concentrei-me, disposto a torcer pelo Professor, que entretanto continuava na TVI gesticulando freneticamente, os braços e mãos como hélices de helicóptero em voo rasante e prego ao fundo… Pus a gravar.

3. Li na imprensa diária de 4º feira, 24 de Setembro, que Kofi Annan pronunciou, na véspera, a abrir em Nova Iorque a sessão anual da Assembleia Geral da ONU, o discurso que não fez na devida oportunidade, e no qual critica claramente a guerra preventiva e afirma que os Estados Unidos puseram em causa os pilares das Nações Unidas. Venceu, finalmente, a sua consciência de homem justo e homem de bem, amante da paz.
Pode, agora, olhar as pessoas de frente, olhos nos olhos, e olhar-se a si mesmo sem vergonha. Penitenciou-se e redimiu-se.

4. Vi uma pequena parte do programa do Pacheco Pereira: chegou. Fui ao meu arquivo e risquei, no negativo da sua fotografia, as anotações que tinha e inscrevi uma outra, só uma: brilhante. Do bloguista elitista, tipo universidade multidisciplinar em língua (inglesa) hieroglífica, a contabilizar audiências, eis que aparece, qual crisálida na TV um programa que se revela feito por um homem de cultura, inteligente e inteligível, em português.

5. O novo espaço, na SIC, do Pacheco Pereira e o discurso de Kofi Annan, em Nova Iorque, representam: um, uma” revelação” a nível nacional; e, outro, uma reabilitação a nível internacional. 
19 setembro 2003
  Exmos. Srs. Bloguistas Muito bom dia, boa tarde ou boa noite, conforme o ponto do universo onde se encontrem.
Desculpem entrar na privacidade do vosso clube sem me apresentar. Explico já porquê: é que acabo de ver num blog – A Praia – com data de hoje, dia 19 do mês de Setembro do ano 2003 D.C. , uma referência – estilo conversa de xaxa – que considero ofensiva para os meus quase 81 anos, com a agravante de me ter sido feita por um miúdo que só há pouco atingiu a fasquia dos 30 e com a agravante de o bloguista ser meu neto.

Venho à estacada “em defesa da minha honra” - esta da defesa da honra é um número também muito usado pelos senhores deputados quando se chateiam uns com os outros, nas sessões recreativas, e por vezes hilariantes, da Assembleia Nacional dos muito respeitados representantes dos partidos políticos portugueses, livres, democráticos, honestíssimos e, amplamente expurgados, com garantia constitucional, de todas as ideias subversivas ou outras.
É que
No acima mencionado blog o meu neto denuncia, expressamente, factos da minha vida privada e delírios mentais íntimos, matéria de segredo profissional do foro médico-psiquiátrico, com a agravante de o fazer de maneira alcoviteira, em mexericos com o Paulo Varela Gomes do Cristóvão de Moura, seu amigo do coração que é outro, tal como ele, do tipo sério e, também, completamente lorpa.

Alguns dos senhores, talvez tão mal educados para os seus avôzinhos como o meu neto, não acharão nada de extraordinário que ele diga que o avô é um viciado (sem referir que quem me meteu o vício do bloguismo no corpo foi ele…) e ande a bufar em público que eu sou dado a delírios entre as 4 e as 5 da manhã... Diz mas não prova…
Porque não confessa antes que é ele que por vezes me provoca, e me tira o sono, com as enormidades que escreve na Praia de mistura com provocações, como por exemplo estar sempre a picar e a faltar ao respeito devido a um dos PP, esse genial e enciclopédico Abrupto (querendo, parece, veladamente fazer crer que o “a” é protésico)… e inclusivé que a mim me põe por vezes questões provocatórias a que eu respondo com a maior sinceridade – e de acordo com a minha ética e moral e no respeito da solidariedade e da fraternidade – sobre actos de terrorismo contra esse modelo de virtudes, libertador dos oprimidos iraquianos, o bondoso senhor Bush… Porque não exibiu, ele, a benefício da transparência e a favor da sua tese , a resposta que lhe dei – eu sim, em fraternal e desempoeirada camaradagem ideológica com o senhores Delgado e António Ribeiro Ferreira do Diário de Notícias –?

Podem achar alguns, ou todos com menos de 81 anos, que a prosa do miúdo da Praia é a normal da idade dele; mas não será normal para quem tiver tido, como eu tive, outra educação no seio da abençoada e paroquialmente controlada família do “tempo da outra senhora”. Obediente e bem educadinho, eu ia, ao fim da tarde, pela Azinhaga acima, esperar, ao caminho, o meu paizinho no regresso ao lar, ao fim da jorna, a ganhar o pão nosso de cada dia e, ao pedir-lhe a bênção, a beijar-lhe a mão, bênção que ele me concedia (Deus te abençoe…) fazendo-me, sobre a cabeça, o sinal da cruz com o polegar da mão direita, que aliás já não tinha porque a certa altura uma máquina lho amputou e o Estado, sempre justiceiro e generoso para os que trabalham, lhe concedeu uma pensão, por invalidez parcial, do quantitativo mensal de 2 escudos.
E, depois disto, vem agora o meu neto chamar drogado ao avozinho que é babado por ele e acha – e assegura ser verdade – que o gajo é muito inteligente e tem uma refinada sensibilidade, o que menos favorece o meu perdão ao desacato.
…sabendo ele quão devoto eu sou – e não como ele que, conforme já confessou na Praia, não tem fé na religião – que tem sido, julgo eu, o que o tem impedido de acreditar em Deus…
E eu, pelo contrário e dada a minha idade, aceitando, como natural, que o clero ande como sempre andou metido na política, até acho - como crente que sou, e em obediência aos conselhos da Santa Madre - que o melhor político, de momento, é o muito devoto e virtuoso pastorinho das aparições nas feiras, conhecido, de uns, pelo Paulinho das ditas e, por outros, pelo Tumor, reserva moral dos valores da Pátria, “ovelha” do Senhor, amantíssimo e sem pecado (“Padre Nosso” ao deitar; e ao erguer, cantar o hino e beijocar a bandeira, os velhinhos dos lares e as peixeiras dos mercados), sempre muito teso, a lembrar, vagamente, na postura erecta, empertigada - cabeça apolínea e um pouco torta – o “falo” do Cutileiro no Parque Eduardo VII. Amen.

Desculpem esta arengadela, mas eu quando começo a falar - e o meu neto nalgumas bocas tem razão - nunca mais acabo. Mas o facto é que, toldado pela revolta (qual herói de Abril) e minado por tão intimo desgosto (qual abade de “O Melro”), até me esqueci de me apresentar: Eu sou o meio dono do Buba, um rafeiro tipo cão que não conhece o dono (moderno, portanto) mas cheio de manias de grandeza (também portanto), um blog mistério, criado já há montes de tempo mas que ele ainda não lançou no mercado. Vou tentar convencê-lo a vencer a hesitação e a quebrar, de vez, o silêncio, de maneira a que a comunidade bloguista perceba que conversa é esta que, de facto, parece um dos delírios do avô. Ou pior, uma “conversa em família” do antigamente.
Amanhã há mais. Se Deus quiser.
O Vosso,
Meio dono do Buba 
salvadorprata@netcabo.pt

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