Aos nossos amigos…Há já vários dias que o
BUBA não dá sinal de vida. Não nos tem sido possível. Pedimos desculpa: aos amigos e a todos os que nos costumam visitar. Prometemos voltar em breve.
Aos meus netos…Hoje e amanhã, o
Ivan vai fazer provas académicas (de aptidão pedagógica e capacidade científica) em Coimbra, na Universidade, onde há anos lecciona
Relações Internacionais, na Faculdade de Economia.
Contrariamente ao que, desde sempre, era costume, não me é possível, pela primeira vez, estar próximo dele, como gostaria: Estou velho. De qualquer modo, embora longe, vou estar com ele, orgulhoso pelas provas que certamente vai prestar, ao nível a que habituou quantos o conhecem.
Também no fim do mês, a
Ariadne vai novamente ser mãe. Pela terceira vez. Para mim, quando as mulheres da minha família me dão, da sua própria vida, pedaços de vida - filhos, netos, bisnetos - sinto-me sempre morrer um pouco: de alegria, de angústia, de aflição e de medo. Como se, também, pedaços de vida, fossem arrancados de mim.
Pelo amor que tenho aos meus netos e porque, se como ser pensante sou ateu, como ser humano sou crente, rezo a Deus que os proteja e abençoe aos dois.
2Um homem culto (aditamento)
O Eduardo, no
Bloguices, num
post de 22 de Fevereiro último, e o Rui Tavares, no
Barnabé, no
dia 24, voltaram a referir-se ao Buba com simpatia: o Rui Tavares chama-lhe «inultrapassável» e o Eduardo, «Velho» Buba. Para os dois, o Buba deixa o seu muito obrigado.
E ainda mais uma palavra: é que, à semelhança do que fez o Rui Tavares (que foi quem «descobriu» o Buba fazendo logo um link e uma referência de apreço pessoal), também o Eduardo agora lhe fez pela 2ª vez - com «il cuore e uno zíngaro» - uma referência semelhante. O que me leva a sentir-me em falta com os dois. Os posts do Buba são quase sempre meros desabafos de quem fala sozinho. Sem dizer tudo... dizer tudo para quê? E é assim que, às vezes, o mais «importante» fica por dizer. Foi o que aconteceu com o
último post. E é evidente que o Eduardo e o Rui merecem mais. E o Daniel também.
Uma «mocinha» minha amiga, a Mila, de quem gosto muito e que dá as gargalhadas mais cristalinas do mundo, mandou-me do Porto, onde vive, um e-mail dizendo-me que tinha gostado do post
Um homem culto.
É o texto do e-mail da resposta que lhe dei, em 20 de Fevereiro, que vou reproduzir aqui, para o Rui, para o Eduardo e para o
Daniel.
Mila:
No silêncio da sala, na mais completa escuridão, percutiam, no silêncio cansado das nossas almas, os acordes da quinta sinfonia de Beethoven. Deitados no chão atapetado, estávamos – jazíamos – extenuados três amigos. Tínhamos terminado as últimas provas académicas de final de curso, muito duras. Daí que tivessemos resolvido tentar esquecer tudo o que tínhamos aprendido e deixar entrar, dentro de nós, para nos lavar a alma, restituindo-lhe a pureza, torrentes de notas musicais, amorosamente entrelaçadas por almas de artistas inspiradas por Deus, como se fossem chuvas de sons vindos do infinito entornadas em nós.
Em certo momento – e sem que nenhum de nós soubesse quem era – apercebemo-nos de que alguém, silenciosamente, entrara na sala e se sentara num maple, ficando também, como nós, de olhos fechados só a ouvir, como se estivesse unido a nós, em prece, a rezar a mesma oração.
Soube depois que o senhor era afinal o dono da casa, pai de um de nós, naquela noite chegado do estrangeiro. E depois, quase com ternura, como se fosse pai dos três, falou-nos da quinta sinfonia e depois da nona e falou da poesia de Schiller e de Goethe e das representações das diversas óperas a que assistira, cantadas pelos artistas mais famosos, em diversas partes do mundo, mostrando uma erudição e uma sensibilidade fora do vulgar. Era um poeta e na vida real era juiz.
Um homem culto era ainda, e sobretudo, o pai de um dos homens mais puros que conheci e um dos melhores amigos que tive na vida, o Fernando Miranda. E era avô da Mila.
Um abraço do Buba para todos, por si mesmo e em representação da 3ª idade. Por antiguidade.
Sem esquecer o Ivan, da
Praia, que é o autor moral desta semente de amizade entre pessoas, algumas das quais nem se conhecem pessoalmente; não são todas da mesma faixa ideológica; e nem sequer são todas da mesma geração. Só por isso, julgo, o Buba já valeu a pena.